sexta-feira, 13 de novembro de 2009

NADA SUBSTITUI O MÉDICO QUANDO O ASSUNTO É SAÚDE

Jorge Cerqueira Presidente do Conselho Regional de Medicina - Cremeb

São Lucas, santo padroeiro dos médicos, tem sua celebração oficial a cada 18 de outubro, data que favorece reflexões da categoria profissional diante da realidade que adultera fundamentos e o exercício da Medicina.

Pelo retrovisor histórico, podemos vislumbrar a sociedade de admiração ao médico, do paternalismo ao paciente, mago das fragilidades humanas. Na realidade, a sociedade estabeleceu atribuições ao médico, às vezes no plano da idealização.

O fosso extenso, contudo, entre as qualidades exigidas do médico e a realidade acadêmica, torna-se o primeiro obstáculo visível a uma medicina eficiente. Em todos os rincões do país, brotam cursos privados muitos deles apenas preocupados com as leis do mercado financeiro e desprovidos de compromisso pedagógico e ético.

Em Portugal medieval, existia o "médico idiota", termo que designava o profissional sem formação em medicina ou iletrado, mas que carregava conhecimento, experiências, sem qualquer raciocínio científico. Pelo avanço tecnológico, o Brasil não retrocederá no tempo, mas não podem ser mais escamoteados os procedimentos reprováveis, por inadequação do ensino, detectados e coibidos pelos Conselhos de Medicina, normatizando e orientando os médicos.

Em paralelo, opera um sistema de saúde pública que submete o médico a contratos precários, negligencia no plano de cargos, carreira e vencimentos, sem contabilizar o crônico déficit de leitos, escassez de instrumental e de medicamentos.

Nos últimos anos, novo entrave à performance médica: a Justiça concede liminares, com base na lei, porém contrariando inarredáveis critérios técnicos.

Apesar de tudo, o Dia do Médico deve ser comemorado - repetindo o juramento hipocrático: "Manterei a minha vida e a minha arte com pureza e santidade; qualquer que seja a casa em que penetre, entrarei nela para beneficiar o doente; evitarei qualquer ato voluntário de maldade ou corrupção..."-, porque no seio da categoria existe um universo de valores, de conceitos morais, éticos, jurídicos e religiosos que fazem o trabalho médico ser reconhecido pela sociedade.

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