domingo, 8 de novembro de 2009

SINDIMED CORROBORA EM NOTA COM EDITORIAL DE A TARDE



O presidente do Sindimed, José Caires, respondeu ao editorial publicado na última quinta-feira, 22, no Jornal A Tarde. Em nota, Caires diz:

Precarização e baixos salários não atraem médicos para o serviço público.

Quero parabenizar este prestigiado jornal pelo editorial dessa quinta-feira, 22/10/09, que expressa uma reflexão sobre a baixa remuneração do médico, as precárias condições de trabalho e a falta de segurança para o exercício profissional.

São oportunas, então, algumas perguntas:

Qual a motivação para trabalhar em postos de saúde onde falta segurança, infraestrutura e até materiais, como água, sabão até pequenos recursos diagnósticos tais como glicosímetro, raios X e laboratório?

Como é o estado de humor de quem se expõe a atender uma população carente e com uma demanda altamente reprimida? Qual a condição de descanso – tão necessário à reposição de energias -, após uma jornada estressante de 24h de plantão?

Quando se compara com o salário mínimo de R$ 465, não é de se estranhar que alguém pense não ser ruim uma remuneração mensal de R$ 3.200 para o médico.

Mas é igualmente importante lembrar que outras profissões como juízes, promotores, auditores federais, entre outras carreiras do serviço público, têm salários mensais que variam entre R$ 15 a 20 mil ou mais, e ainda possuem plano de cargos, carreira e salários.

É preciso destacar o alto custo, econômico e de sacrifícios pessoais, para uma graduação em medicina, que leva seis longos anos e mais dois a cinco de pós-graduação (residência médica).

O médico é um profissional de relevante importância social, que goza de grande reputação, atingindo 82% de aceitação na opinião pública, segundo pesquisa Data-Folha de 2007.

Por que, então, ganha tão pouco?

Devo dizer, finalmente, que não é de agora que os médicos sofrem dissabores no exercício profissional, e que estes problemas não são exclusivos de Salvador ou do estado da Bahia.

O que há de novo são as propostas de regularização dos vínculos de emprego, que foram precarizados durante anos. Tivemos recentemente concurso público para a Sesab, e ainda este ano o município de Salvador também deverá realizar concurso público, até por força de lei.

Estas iniciativas são bem-vindas e requeridas pelo Sindimed há muito tempo.

O retardamento dos concursos públicos na Bahia, principalmente em Salvador, revela um descompasso ainda mais gritante quando tenta aplicar valores salariais incompatíveis com o que é exigido do médico, e defasados no tempo, resultando na não atração da categoria e criando a falsa impressão de que faltam médicos ou que os profissionais não estão sensíveis aos problemas humanitários vividos pela cidade.

Em âmbito nacional, atualmente a categoria médica reivindica uma remuneração da ordem de R$ 7.000, para jornada de 20 horas semanais de trabalho, com plano de carreira, cargos e salários e condições dignas nos locais de trabalho.

Veja aqui o editorial de A Tarde do dia 22/10/2009Em busca de médicos

Faltam médicos para a saúde pública – e quando eles escasseiam, as necessidades de atendimento sobem a nível de clamor público, principalmente na área familiar. Recente avaliação apontou 161 vagas não preenchidas na rede municipal de Salvador, mas com certeza o número é maior, pois também há carência de postos de saúde.

O maior déficit de médicos está no subúrbio, aponta a Secretaria Municipal da Saúde. O cenário mais grave se desenha no setor de assistência básica, que recebe recursos do Programa Saúde-Família (PSF), do governo federal. Nas Unidades de Saúde Família (USF) e Núcleos de Apoio à Saúde Família (Nasf), as vagas em aberto perfazem 118, cerca de 73,2% do déficit total.

A população carente acumula sofrimentos, é claro. Em Paripe, só há médico três vezes na semana. Após tentativa frustrada de socorro à neta, uma senhora foi ao posto de saúde perto da estação ferroviária e constatou o que rotula ironicamente de “novidade”: nenhum médico. Teve de pagar R$ 80por uma consulta particular.Somente assim medicou a menina.

Como não existe efeito sem causa, por que faltam médicos?

Um deles, de 32 anos, selecionado pelo Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) para dar plantões, abandonou o posto devido, ao que ele próprio acentuou, às más condições de trabalho, escalada de violência e remuneração insatisfatória. Na rede de saúde de Salvador, o salário de um médico clínico é de R$ 3.200para uma carga de 80horas mensais, e deR$7 mil para 160horas.Não é muito, decerto; também não é para desprezar.

Mas os médicos se queixam também de que os contratos, de caráter temporário, invalidam a ascensão profissional nos moldes de um plano de carreira.

No rosário de desestímulos pesam a violência e condições de trabalho. Nos postos sempre lotados, a irritação do público transborda sobre os atendentes. Nada, porém, se compara à insegurança de quem cuida de todo tipo de gente, incluindo traficantes de drogas, e ou veameaças de morte, em caso de denúncia.

Publicada em: 23/10/2009

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