domingo, 30 de agosto de 2009

LIMITE PRUDENCIAL

A revista do Conselho Federal de Medicina na última edição de junho trás no editorial texto de Henrique Batista e Silva que é diretor executivo do jornal Medicina.

Faz um bem elaborado resumo do momento médico e da saúde pública no Brasil.

LIMITE PRUDENCIAL

A bem da verdade, não podemos deixar de admitir que o Sistema Único de Saúde tem oferecido à população brasileira um elenco de realizações digno de ser valorizado por todos nós. Os gestores, na comemoração dos vinte anos de existência do modelo assistencial, têm discursado sobre as conquistas do seu trajeto histórico, construído arduamente pelos esforços dos brasileiros desde a III Conferência Nacional de Saúde, em 1963, até os dias atuais. Indubitavelmente, reconhecemos seus avanços nas melhorias dos procedimentos de atenção básica, atendimentos especializados assistenciais de alta complexidade, etc, permitindo a inclusão de brasileiros que nada dispunham, a não ser de suas lamentações ante as portas fechadas do modelo que antes vigorava.

Entretanto, brilha a luz amarela. Coexistem graves problemas que alcançam as fronteiras da insolvência para os quais as tentativas dos gestores de resolvê-los estão equivocadas. São gritantes as insatisfações, e mesmo o desespero, de pacientes nas portas de entrada do sistema, a falta de médicos em quase 500 cidades brasileiras, as precaríssimas instalações de grande número de unidades de saúde e de hospitais com equipamentos sucateados. Como também a redução perniciosa do número de leitos hospitalares, especialmente nas Unidades de Terapia Intensiva, a recorrente falta de medicamentos essenciais, a abertura indiscriminada de escolas médicas, a insustentável tentativa de legalizar o exercício profissional de médicos formados em escolas estrangeiras sem a devida recertificação. O ideário dos políticos e o pétreo núcleo financeiro do executivo federal resistem em melhorar o esquálido financiamento da saúde, resultando no insuficiente pagamento dos procedimentos hospitalares e a vergonhosa remuneração dos médicos.

Consequentemente, o crescente desinteresse dos médicos por algumas especialidades, o aumento da evasão dos médicos do serviço público - em contradição à preferência dos vestibulandos pela profissão - fruto da baixa remuneração e das péssimas condições de trabalho, convertidos em cansaço, estresse e doenças...

E segue falando sobre os argumentos usados pelos diversos representantes de entidades médicas em protesto, no dia 29 de maio, em São Paulo, na Avenida Paulista.

... As falas dos nossos representantes foram veementes, afastando todos os frágeis argumentos do governo para explicar a dívida de saúde do povo, denunciando a situação de descaso e desrespeito aos pacientes, apontando os responsáveis pela tentativa de expulsar os médicos do SUS.

As tentativas de desqualificar ou obscurecer o prestigioso trabalho do médico por qualquer que seja o ardiloso artifício são infrutíferas, porque os médicos são imprescindíveis na formulação e no atendimento de saúde da população em qualquer país do mundo. Especialmente na nação do Sistema Único de Saúde.

Medicina e saúde são sempiternas.

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